literatura
Gibran Kahlil Gibran
A correspondência (1908/1924) mantida entre Kahlil
Gibran e Mary Haskell. Tradução de Paulo Coelho.
Prefácio de Paulo Coelho
A primeira vez que li “O Profeta” foi durante os anos sessenta; usei um trecho do livro — que fala dos filhos — para tentar explicar aos meus pais quem eu era. Nesta época pensava: “Gibran é um revolucionário”. A segunda vez que li “O Profeta” foi durante os anos oitenta; queria relembrar a simplicidade e o vigor com que o livro fora escrito. Nesta época pensava: “Gibran é um sábio”.
A terceira vez que li “O Profeta” foi durante os anos noventa. Agora eu já tinha alguns livros publicados, e entendia que nem sempre o espírito revolucionário e as palavras sábias revelam o complexo mundo da alma de um escritor. Então pensava: “quem é Gibran?”
A simples leitura de “O Profeta” não bastou, mas eu estava decidido a responder esta pergunta..
Reli algumas de suas obras, li duas biografias, até que uma amiga libanesa, Soula Saad, me fez descobrir suas cartas — hoje editadas em vários livros, sob diversos formatos.
Um homem revela sua alma quando ama, e na correspondência com Mary Haskell encontrei o mundo interior de Gibran Kahlil Gibran. Comecei a marcar algumas frases, e copiar para um arquivo do computador aquilo que julgava ser sua essência. Um dia, durante uma conversa com minha mulher (na verdade foi uma discussão, e dou graças a Deus que ainda discutimos muito, embora estejamos casados há dezoito anos), não consegui explicar determinado assunto; então pedi
que fosse até o computador, e lesse determinada carta de Gibran que talvez conseguisse demonstrar melhor o que eu estava querendo dizer.
Ela não apenas leu a carta em questão, mas todo o resto do arquivo. Nasceu, neste momento, o desejo de editar mais um livro sobre a relação de Gibran com Haskell.
Alguns detalhes históricos: Gibran nasceu em 1883, na aldeia de Bsharri, no atual Líbano. Com a idade de onze anos, emigrou