Literatura
ESTADO NACIONAL
José Antonio SEGATTO*
Maria Célia LEONEL**
RESUMO: O objetivo deste trabalho é discutir questões literárias e históricas postas em pauta pelo livro Formação da literatura brasileira de Antonio Candido, cuja primeira edição é de 1959. Essa obra – ao reelaborar e procurar superar antigas referências vinculadas às datações e explicações das origens da literatura nacional – apresenta caráter inovador, o que, de um lado, a levou a ser um paradigma fundamental para a história e a crítica literária no país e, de outro lado, provocou muitas polêmicas e objeções. Partindo, portanto, da herança histórico-crítica precedente e incorporando muitos de seus elementos, o crítico repensa os marcos históricos, literários e culturais do surgimento da literatura no Brasil, ou seus momentos decisivos, tendo em vista a noção de sistema literário. Cinquenta anos após a publicação desse estudo, é oportuno e necessário, cremos, rediscutir e redefinir as demarcações histórico-literárias da criação ou da formação da literatura brasileira, por meio de uma leitura diversa do processo de organização do Estado e da nação no Brasil.
PALAVRAS-CHAVE: Antonio Candido. Formação da literatura brasileira. Literatura.
História. Sistema literário. Estado nacional.
Formação da Formação
Ao longo do século XIX, desde o rompimento do estatuto colonial e o início da construção do Estado nacional no Brasil, colocou-se a necessidade de elaboração de uma historiografia literária capaz não só de assegurar a existência de uma literatura brasileira, como de pensar e apontar seus caracteres e especificidades. De Ferdinand
Denis a Ferdinand Wolf, de Gonçalves de Magalhães a Joaquim Norberto, passando por Santiago Nunes Ribeiro e Francisco Adolfo Varnhagen com a colaboração de vários outros estudiosos, concebeu-se uma tradição histórico-literária com importante
* UNESP – Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Ciências e