Literatura
Comecei a ler e veio a confirmação: o romance realmente é cansativo, não só pelos blocos maçudos, compactos de texto, mas pela maneira como foi escrito, quase que sem pontuação e sem diálogos - daí a falta de parágrafos e, conseqüentemente, de espaços -, com emprego de muitas palavras em desuso nos dias atuais, prejudicando a compreensão. Além disso, a autora tentou - e conseguiu, acho - usar a maneira de falar da época da colonização do Brasil pelos portugueses, isto é: a maneira de falar dos portugueses de quatro séculos e meio atrás. E como a narradora é uma das órfãs que o reinado português mandara para o Brasil para casar com os homens que aqui estavam "em pecado", o modo de falar não poderia ser dos mais cultos.
Além da falta de pontuação, os períodos enormes e às vezes desconexos, complicam ainda mais a compreensão. Quanto às palavras novas - ou tão velhas que são desconhecidas, sem nenhum significado para nós, atualmente - precisaríamos de um dicionário aberto durante toda a leitura do livro, o que demandaria um enorme tempo para se conseguir terminar de lê-lo. Seria quase uma tradução.
A história, sem dúvida, é boa: é o Brasil de quase cinco séculos atrás visto e sentido por uma mulher, uma portuguesa simples da época - simples, mas forte e densa, uma personagem interessantíssima.
O romance pode ter sido uma experiência lingüística, uma pesquisa histórico-lingüística para a autora, mas como ela própria afirmou, escrever o livro foi como aprender uma nova língua durante um ano e meio, tempo que levou