Literatura
Em oito séculos de evolução, a Literatura Portuguesa atravessou as três eras históricas vividas pela Europa: a Era Medieval, marcada pelo feudalismo, pelo teocentrismo, do século XII ao XV; a Era Clássica, que abrange o Renascimento, o período da Contra-Reforma e a restauração dos valores clássicos, via Iluminismo, e se estende pelos séculos XVI a XVIII; a Era Moderna (ou Romântica), que assistiu às revoluções burguesas, depois à Revolução Industrial, para desaguar no século XX, das duas grandes guerras mundiais, a "era dos extremos", da máquina, da eletricidade e de todas as inquietações de um universo sob o signo da velocidade.
As escolas, correntes e movimentos literários em que didaticamente se divide a história literária refletem a evolução dos estilos através dos tempos. O contexto histórico-cultural certamente influencia os escritores e lhes fornece substância para suas obras, mas é por meio da linguagem que eles expressam essa substância. Literatura é um tipo de trabalho cuja matéria é a linguagem e cuja finalidade é provocar no leitor um determinado prazer de leitura, o prazer literário, semelhante ao que se tem ouvindo uma canção, assistindo a uma peça de teatro ou vendo um quadro ou uma escultura.
A linguagem literária ou artística desenvolveu ao longo da história sua própria tradição, composta pelo conjunto de obras que já foram escritas. É em função desse passado que um escritor, uma geração ou um movimento podem ser avaliados: há os diluidores, que nada acrescentam ao que já foi criado; os mestres, que retomam, aperfeiçoam e atualizam essa tradição, e os gênios, que buscam o novo e instauram muitas vezes uma nova tradição (utilizando aqui uma distinção que fez Ezra Pound entre esses três níveis — diluidores, mestres e gênios).
Um dos objetivos do estudo dos estilos literários é a compreensão das várias soluções formais que os escritores vêm criando, ao longo do tempo, para dar expressão aos