literatura o tempo e o vento
O continente:
Cap 1. A fonte:
A história começa em 1745. Pe. Alonso, espanhol nascido em Pamplona e jesuíta nas missões de Sete Povos, procura entender um sonho perturbador que tem recorrentemente. Ao falar com seu confessor, traz à tona memórias dolorosas do passado. O padre tivera uma juventude dissoluta, e fora amante de uma mulher casada. Essa mulher se queixava constantemente da violência do marido, e revoltado com isso, o jovem decide matá-lo. Contudo, quando se aproxima da casa para concluir seu plano de matar o homem com um punhal, descobre que o homem já havia morrido. Mesmo não tendo cometido o crime, o futuro jesuíta fica com a consciência pesada, como se fosse culpado por intenção. Decide tornar-se padre missionário para se redimir do pecado. Guarda o punhal para nunca se esquecer do que havia passado. Tranquilizado após conversar com o confessor, Pe. Alonso continua a viver sua vida quase idílica nas missões, em meio aos índios convertidos. Certo dia, chega uma indía selvagem grávida, em trabalho de parto. Os jesuítas falham em salvar sua vida, mas o seu filho nasce em perfeito estado. O menino, mestiço de índio e branco, é batizado como Pedro (o nome do homem que Pe. Alonso quase matara), e o padre se torna seu padrinho e educador.
Pedro cresce com saúde e se mostra uma criança excepcionalmente talentosa. O jovem, porém, tem frequentemente visões, em especial com a Virgem Maria, que julga ser sua mãe morta, e isso preocupa profudamente seu tutor. Enquanto isso, a vida idílica das missões é perturbada pelo Tratado de Madrid. As terras que antes pertenciam à Espanha passam para a Coroa Portuguesa, e o governo exige que todos os índios e jesuítas saiam com seus pertences móveis e se transfiram, dentro de poucos meses, para outras terras; tarefa quase impossível de se realizar na prática, considerando a enorme quantidade de pessoas estabelecidas na área. Os índios convertidos se revoltam com a decisão, e resolvem reagir com armas.