Literatura no Mato Grosso do Sul
A literatura sul-mato-grossense teve gênero memorialístico ao longo do século XX. Os primeiros títulos que evocam o início do povoamento, civilização e transculturação da região são, obviamente, anteriores à divisão do estado do Mato Grosso, realizada em 1979. Sobre as obras necessário citar as obras de José Melo e Silva (Fronteiras guaranis, de 1939, e Canaã do Oeste – Sul de Mato Grosso, de 1947), abordagens dos mais diferentes aspectos da região – político, social, antropológico, geomorfológico, histórico, etc -, pertencente, portanto, ao registro da construção da noção de território e de identidade local; de Ulisses Serra (Camalotes e guavirais, 1971), interessantíssima coletânea das crônicas publicadas por Serra no jornal “Correio do Estado”, de Campo Grande, nas quais aborda aspectos de Corumbá, sua cidade natal, e do povoamento e colonização de Campo Grande, hoje capital do estado de Mato Grosso do Sul; e de Otávio Gonçalves Gomes (Onde cantam as seriemas, 1975), único volume de memórias editado pelo poeta nascido em Ribas do Rio Pardo, e que elege em sua evocação alguns dos principais marcos culturais do estado, tais como a seriema, o sabiá, os rios da região e a Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, ligação entre Mato Grosso do Sul e São Paulo. Logo após a criação do estado do Mato Grosso do Sul, a obra do político Demosthenes Martins (A poeira da jornada – Memórias, 1980), avulta como o maior símbolo literário do período de transição da divisão política do estado. Nascido em Pernambuco, Demosthenes criou raízes no Mato Grosso do Sul, onde foi prefeito de Nioque e de Campo Grande, e um dos principais adversários políticos de Pedro Pedrossian, ex-governador dos dois estados (Mato Grosso e Mato Grosso do Sul), e que em 2008 também deixou seu depoimento memorialístico através da obra O pescador de sonhos. Em 1993, o ex-presidente da Academia Sul-mato-grossense de Letras, Elpídio Reis, também registrou, na