Literatura Infanto-Juvenil
Ligada desde a origem ao caráter divertido ou pedagógico da criação literária, a Literatura Infanto-Juvenil sempre esteve atrelada à menção de livros onde imagem e cor prevaleciam sobre a arte da escrita. Numa confusão comum, chegou a ser denominada e reconhecida como literatura para crianças, detendo seu manifesto histórico baseado fundamentalmente no recurso didático. A indagação proposta por Nelly Coelho em Literatura Infantil (2000) aproxima as divergências com relação à função real dessa vertente literária. Literatura Infantil, afinal, é arte literária ou pedagógica? Atida às histórias, inicialmente consideradas infantis, numa Idade Média permeada pela presença de contos mais assustadores que educativos, não é de se estranhar que sua evolução rumasse ao conteúdo pedagógico.
Desde a Novelística Popular Medieval, difundidas através da Tradição Oral, as histórias maravilhosas têm sua origem marcada, em território europeu principalmente, pela literatura folclórica popular e, com o passar dos séculos, foram transformando-se, através da oralidade, em contos infantis. Essa transmissão oral acabou por proporcionar sua conversão em suporte a partir da recolha feita pelos estudiosos que, mais tarde, seriam reconhecidos como seus autores. Tomada como referência a obscura situação campesina da Idade Média, quando uma das características era a ausência da infância como fase inocente da vida, é comum perceber que as histórias contadas às crianças fossem reflexo dessa realidade. Em seu livro O Grande Massacre dos Gatos (1988), Robert Darnton remonta descritivamente a sociedade camponesa medieval, mostrando como o contexto influenciou a criação de contos que eram quase cópias fiéis das situações vividas pelos aldeões. Em tempos onde miséria e indigência eram a condição social predominante no campo, crianças e adultos dividiam os mesmos ambientes e as mesmas tarefas. As famílias dormiam em um único cômodo, compartilhado também