Literatura de cordel
Crispiniano Neto
O Nordeste brasileiro foi, durante três séculos, a região mais importante do Brasil. A extração do pau-brasil e depois a implantação da cultura canavieira que viabilizou a pecuária para alimentar os engenhos e ainda a coleta das chamadas Drogas do Sertão especiarias amazonenses, como ervas aromáticas, plantas medicinais, cacau, urucum, canela, baunilha, cravo, castanha e guaraná, num tempo em que não se distinguia o Norte do Nordeste garantiram a esta região nos dois primeiros séculos da vida brasileira a condição de centro da geopolítica, com o poder político instalado em Salvador e no Maranhão.
E ali onde se encontrava o poder econômico e político também se forjava a cultura da nova nação. Somente a partir da febre do ouro, cuja descoberta se deu entre o final do século XVII e início do século XVIII, o eixo do poder foi se deslocando para o atual Sudeste, até que, com a consolidação do Ciclo do Ouro, a sede do Vice-reino do Brasil e a capital da colônia, em 1763, se mudam para o Rio de Janeiro para que o poder ficasse mais perto do centro de extração do ouro, vindo o atual Sudeste a se consolidar como centro do poder em 1808, com a mudança da família real para o Brasil.
Com a mudança do poder político e econômico a efervescência cultural também mudou de eixo, com as artes e a cultura em geral, se consolidando naquela região junto com o Ciclo da Mineração, tendo ali se desenvolvido um forte movimento literário, filosófico, religioso e artístico que culminou no final do século XVIII com a Inconfidência Mineira encabeçada pelos intelectuais do chamado movimento arcadiano.
Há que se convir, porém, que a cultura de um País ou de uma região não se consolida nem morre em anos ou décadas. Os três séculos de importância econômica e política do Nordeste brasileiro lhe deixaram como herança uma formação cultural consolidada. E ali já estavam se somando e sofrendo