Lisboa modernista: vanguardas literárias e a cidade
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O Primeiro Tempo Modernista português – o Orfismo – foi marcado pela proclamação da República de Portugal, em 1910, associada à instabilidade político-social e à necessidade de forças cosmopolitas progressistas. Este ideal republicano começou a ser materializado após a proclamação da República, dois anos depois do regicídio do rei D. Carlos quando foi morto por um homem do povo, declaradamente antimonárquico. O início do século XX em Portugal consistiu num tempo de grande resistência à inovação nas artes plásticas e literárias por ser fortemente caracterizado pelo classicismo racionalista e naturalista, que decadentemente manifestava a apatia da sociedade. O rotativismo político monótono provocava uma decadente produção intelectual. Os interesses materiais dos burgueses sobrepunham-se aos interesses culturais, o que condicionava a liberdade de expressão. Dado isto, grupos de intelectuais portugueses reuniram-se em círculos de contestação da velha ordem para dar início a estratégias provocatórias e desabusadas que iriam revolucionar as formas políticas e culturais conservadoras e reaccionárias à modernidade. Irrompe, então, o Modernismo, movimento estético e literário de ruptura com o marasmo cultural, marcado, inicialmente, pelo entrechoque de correntes literárias como o Decadentismo, Simbolismo, Impressionismo, etc, tendo ocorrido num período muito conturbado do panorama mundial. O Modernismo decorreu do início do século XX até ao final do Estado Novo, na década de 1970. Fernando Pessoa, Almada Negreiros e Mário de Sá Carneiro foram algumas das principais figuras da eclosão do Modernismo. Através da revista Orpheu, estes intelectuais publicaram os poemas que iriam chocar o país e gerar a atenção dos críticos, não fosse essa a intenção. Embora tenha sido declarada falência à revista Orpheu, estes revolucionários não deixaram de acreditar e de lutar contra o conformismo de uma crise de consciência intelectual. Antes da eclosão do Modernismo, ainda no séc. XIX, um