Linha de passe
O sol....há de brilhar mais uma vezA luz....há de chegar nos coraçõesO mal....será queimada a sementeO amor...será eterno novamenteÉ o Juízo Final, a história do bem e do malQuero ter olhos pra ver, a maldade desaparecer (Nelson Cavaquinho)
O filme “ Linha de Passe” tem como cenário a grande São Paulo e consequentemente todo quadro sócio-econômico presente naquela metrópole: a desigualdade e a desilusão dos indivíduos considerados “menos favorecidos” pelo sistema.
Em destaque, será analisado o viés familiar frente a tal sistema econômico:
A família é composta de personagens que desejam e sonham frente às dificuldades que o percurso de cada um impõe. Dario quer ser jogador de futebol, Denis quer uma vida melhor, Dinho quer encontrar a paz, Reginaldo quer encontrar seu pai e a mãe, Cleuza vive entre os sonhos dos filhos, os seus sonhos próprios, as necessidades diárias, ainda traz na barriga um outro filho e no peito a paixão pelo Corinthians. Esses vários quereres mobilizam os sujeitos em trajetos fortes. E em cada um desses trajetos fica marcada a tensão da procura que se impõe e do boicote que assombra essa procura.
Num primeiro plano, torna-se perceptível a relação entre os ricos e os pobres: uma relação superficial e por vezes a única conexão entre estes opostos é essa condição trabalhista. A personagem Cleuza, a mãe corintiana, é extremamente submissa a Estela, sua patroa, e elas mal se cumprimentam. Estela não deixa de ser educada, mas percebe-se que elas não conversam sobre nada além do que a empregada realiza.
Entremeado a isso, algumas cenas de diferentes momentos dos personagens dessa família, surgem como uma simbologia para a dura realidade a qual estão submetidos:
A chuteira de Dario, que se apresenta sem qualquer condição de jogo, deixa visível seu desejo. Ela ao mesmo tempo significa a possibilidade e a impossibilidade de ele vir a se tornar jogador. No contraponto do