Linguagem
- Temos hoje o que poderíamos classificar de uma geração sem palavras. O jovem em geral tem um vocabulário limitado e quase não tem o costume de conversar. Hoje eles vivem experiências praticamente idênticas. Eles assistem ao mesmo filme, jogam o mesmo videogame, torcem para os mesmos times ou um time diferente que nem chega a ser tão diferente assim. De modo que eles não têm o que comunicar um ao outro. A conversa deles é legal ou então é isso aí. É uma espécie de linguagem enfática, de confirmação.
Com isso eles vão perdendo a capacidade de formular o pensamento. A questão da língua não é tanto a questão da correção gramatical. O principal da língua é a capacidade de expressão, de construir pensamentos e de transmiti-los, fazendo-os inteligíveis. Esta capacidade é que está se perdendo progressivamente. A gente conversa com um jovem e vê que o falar é interrompido a todo o momento. Muitas vezes ele não chega a completar a frase.
(José Paulo Paes, tradutor, Jornal do Brasil, Caderno B, Rio de Janeiro, 28/12/1996) malhação física encanta a juventude com seus resultados estéticos e exteriores. O que pode ser bom. Mas seria ainda melhores se eles se preocupassem um pouco mais com os “músculos cerebrais”, porque , como diz o poeta e tradutor José Paulo Paes, “produzem satisfações infinitamente superiores”. Marili Ribeiro -O senhor já disse que a identidade nacional estava abalada pelo desrespeito à língua portuguesa. A situação continua a mesma ou se agravou? -Temos hoje o que poderíamos classificar de uma geração sem palavras. O jovem em geral tem um vocabulário limitado e quase não tem o costume de conversar. Hoje eles vivem experiências praticamente idênticas. Eles assistem ao mesmo filme, jogam o mesmo videogame, torcem para os mesmos times ou um time diferente que nem chega a ser tão diferente assim. De modo que eles não têm o que comunicar um ao outro. A conversa deles é legal, ou então é isso aí. É uma espécie de linguagem