Linguagem verbal e nao verbal
Para começar a pensar sobre esse assunto, podemos recorrer à diferença entre a linguagem verbal e a linguagem visual. A primeira produz significados a partir de códigos mais fechados do que a segunda, o que faz com que uma imagem geralmente desperte significados mais abertos por parte do leitor do que as palavras. Você poderia dizer, rapidamente, o que significa a imagem abaixo?
Trata-se de um desenho feito pelo Pequeno príncipe, personagem principal de um livro clássico de Antoine de Saint-Exupéry. Após mostrá-lo aos adultos e lhes perguntar se o desenho lhes fazia medo, eles responderam: "Por que é que um chapéu faria medo?" A pergunta do Pequeno príncipe foi compreendida apenas quando ele explicou – a partir da linguagem verbal – que o desenho não representava um chapéu e sim, uma jiboia digerindo um elefante. Como você pode perceber a partir desse exemplo, imagens tendem a ser mais polissêmicas (ou seja, são abertas para vários significados) do que as palavras.
Nesse ponto, é importante responder à seguinte questão: “Que tipo de estratégias devem ser mobilizadas, pelo leitor, para fazer uma boa leitura de imagens?” Antes de responder a isso, é importante relembrar que um texto não traz significados prontos para serem “encontrados”, “decodificados” ou “retirados”. Na leitura, ocorre sempre uma interação entre as intenções do (1) leitor, (2) do próprio texto e do (3) autor. Pensando novamente no exemplo do Pequeno príncipe, na primeira leitura, os adultos desconsideraram a intenção do autor da pergunta e, por isso, projetaram, sobre a imagem, o significado de “chapéu”, a partir de suas próprias intenções. No entanto, quando souberam da intenção do autor, provavelmente passaram a projetar também o significado “jiboia”. De fato, nenhuma das duas leituras está equivocada, pois o próprio texto (a imagem) tem uma estrutura visual que lembra tanto um chapéu quanto uma cobra engolindo um elefante. Por outro lado,