Linguagem Musical: O lugar da música na sociedade
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2 A MÚSICA COMO LINGUAGEM
Pode-se afirmar que, do mesmo modo que ocorre com a linguagem verbal, a aquisição e a capacidade de uso da música não podem ser estabelecidos com clareza, por tratar-se de processo enigmático e velado; pode-se apenas observar que, de algum modo, ocorre. A música é um processo de comunicação tipicamente humano, dotado de profundidade e flexibilidade, e essas características fazem com que se apresente numa variedade extrema de formas e funções, e possua capacidade de comunicação ilimitada. Essa variedade pode ser observada tanto diacronicamente¹, pelo estudo da música através da história, quanto sincronicamente², pela observação das formas com que se apresenta em diferentes culturas ou, numa mesma cultura, em diferentes funções e estilos. Estudar a música no passado, é conhecer suas regras e convenções, modos de organização, estilos, formas e qualidade expressiva, tal como se apresentam no decorrer da história, dentro de uma mesma cultura, ou em culturas diferentes. O segundo modo de conhecimento a respeito de música é seu estudo como atividade exercida pelo sujeito musical, e seus modos de uso no seio de uma comunidade que participado mesmo tipo de experiência.
Como fenômeno temporal, a música une passado, presente e futuro.
O
sujeito,
ao
exercer
(fruir)
a
atividade
musical,
ocupa
simultaneamente os três momentos, pois liga a experiência sonora passada à presente que, ao mesmo tempo, antevê a experiência futura, e se prepara para ligar-se a ela. Por esse motivo, durante a atividade musical, o sujeito utiliza-se obrigatoriamente de sua memória e imaginação. A experiência musical é o resultado da ligação desses três momentos.
¹ Diacronia: s.f. Caráter dos fenômenos linguísticos estudados do ponto de vista de sua evolução no tempo. (Antôn.: sincronia.)
² Sincronicamente: adv. De modo sincrônico; ao mesmo tempo.
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Pode-se dizer, também que, através da capacidade