Linguagem Fotografica
Após ser considerada um espelho do real, logo após o seu surgimento, a fotografia passa a ser dissecada, decodificada, desconstruída em suas etapas pelos filósofos da imagem. A partir da segunda metade do século XX sua aptidão técnica começa a ser questionada e ela deixa de ser considerada uma reprodução mecânica fiel da realidade (a diferença nos matizes das cores, a bidimensionalidade, o recorte da cena). Desse modo, o papel do fotógrafo fica em evidência, seu poder de influência é avaliado de forma a comprovar que a imagem está além da mera reprodução do real.
Assim, a fotografia perdeu, aos poucos, o status de neutralidade e objetividade e passou-se a falar de um caráter arbitrário, previamente elaborado — culturalmente e ideologicamente — que pode ser identificado por meio de uma análise crítica da imagem. Hoje se reconhece que ela é, antes de tudo, um meio de representação da realidade, uma vez que os efeitos deliberados sobre a imagem
(na etapa da sua produção) são considerados instrumentos de análise e interpretação do real.
Traçando um perfil do discurso de Kossoy (1999) a fotografia parte de um real pré-existente, uma primeira realidade; a construção da imagem pelo fotógrafo produz uma segunda realidade; a mediação dos programadores visuais e editores de texto e imagem contextualizam a fotografia, na etapa da pós-produção, característica das imagens midiáticas; e, no seguimento desse processo, quando chega ao interpretante, a leitura produz uma terceira realidade, em mais uma construção de sentido.
A imagem fotográfica é por um único momento parte da primeira realidade.
Justamente no ato do registro. O segundo momento é o instante em que é gerada, quando a luz refletida pelo assunto incide no acetato sensível e a imagem é gravada conexão física que gera o índice fotográfico descrito na semiótica de Charles Peirce
(como afirma Dubois). Assim, a fotografia produz uma