Linguagem Científica
A linguagem científica tem características próprias que a distinguem da linguagem comum. Essas características não foram inventadas em algum momento determinado. Ao contrário, foram sendo estabelecidas ao longo do desenvolvimento científico, como forma de registrar e ampliar o conhecimento. Essas características, muitas vezes, tornam a linguagem científica estranha e difícil para os alunos. Reconhecer essas diferenças implica em admitir que a aprendizagem da ciência é inseparável da aprendizagem da linguagem científica.
Com a finalidade de analisar as respostas dos vestibulandos à questão, tentamos estabelecer uma tipologia que pudesse caracterizar, por um lado, a linguagem comum e, por outro, a linguagem científica. Acreditamos que exista um contínuo entre esses dois extremos, e que a maioria respostas dos alunos poderá envolver características de um e/ou outro tipo de fala, em maior ou menor grau. Para estabelecermos as características do discurso científico, usamos o referencial de análise proposto por Halliday & Martin (1993). Para as características do discurso de senso comum, usamos, também, as categorias propostas por Bruner (1991). A seguir, resumiremos, algumas características de um e outro tipo de discurso.
Enquanto na linguagem comum predominam narrativas que relatam seqüências lineares de eventos, a linguagem científica congela os processos, transformando-os em grupos nominais que são então ligados por verbos que exprimem relações entre esses processos. A linguagem científica é, portanto, predominantemente estrutural enquanto que a linguagem cotidiana é linear, apresentando uma ordem sequencial que é estabelecida e mantida. Na linguagem científica, o agente normalmente está ausente, o que faz com que ela seja descontextualizada, sem a perspectiva de um narrador. Na linguagem cotidiana, o narrador está sempre presente.