Lingua portuguesa
Fundamento da realidade
Josué Cândido da Silva*
Especial para Página 3 Pedagogia & Comunicação Para o grego Aristóteles, o ser humano tem o desejo natural de saber
Diz o provérbio que as aparências enganam. Enganam justamente porque não nos contentamos só com o que aparece. Aristóteles dizia que o ser humano tem o desejo natural de saber. Quando algo aparece para nós através dos sentidos, queremos logo saber: Como é? Para que serve? Como funciona? Isso é assim desde que o homem é sapiens.
Nossa curiosidade se estendeu, inclusive, para outros limites. O homem está sempre se perguntando: Será que existe uma ordem por trás do que aparece? Será que o que aparece é uma mera ilusão que encobre uma verdade oculta?
Alguns povos encontraram uma resposta bastante convincente na religião. Várias mitologias falam de um passado imemorial, em que uma ou várias divindades teriam transformado o caos em um cosmos, que significa "ordem". De tal forma que, mesmo que muitas vezes as aparências digam o contrário, há uma ordem que rege todos os fenômenos do universo, como a sucessão do dia pela noite e as estações durante o ano.
Qual o princípio de tudo?
Com a ampliação do conhecimento em várias áreas - como a astronomia, a matemática, etc. -, os primeiros filósofos começaram a pensar se a razão humana não poderia ir um pouco mais longe na resposta à grande questão: qual o princípio de tudo o que existe?
Um dos primeiros filósofos a tentar dar uma resposta, sem fazer recurso aos deuses, foi Tales de Mileto (cerca de 625-558 a.C.), muito mais conhecido por seu teorema sobre a propriedade dos triângulos do que como filósofo. Na verdade, do que Tales pensou não sobrou muito além de alguns fragmentos. Ele inaugurou a filosofia ao afirmar que tudo é água. Frase que, hoje, pode soar estranha e até mesmo absurda, mas que marca a forma propriamente filosófica de pensar, que difere tanto da ciência quanto da religião.
Difere da