Lingua inglesa
Por que as salas de ensino regular não são reconhecidas como locais onde é possível aprender uma língua estrangeira? Novos programas de formação docente tentam mudar esse cenário
Letícia frequentou aulas de inglês durante toda a vida escolar. Arthur começou a estudar a língua estrangeira bem cedo, aos 4 anos. Mesmo assim, nenhum dos dois, se sente seguro para se comunicar com falantes nativos do idioma. A percepção de que os brasileiros falam mal o inglês tem sido comprovada por pesquisas, e coloca em questão os objetivos do ensino de idiomas na educação escolar. Afinal, por que o senso comum diz que não se pode aprender a língua considerada "universal" na escola regular? Para Rose Feba, professora do nível fundamental e médio da Escola Estadual José Polli, de Itupeva (SP), o problema já vem da falta de conhecimento da própria língua portuguesa.
Considerando as diretrizes do Ministério da Educação para o ensino do inglês, Rose considera "impossível" cumprir tais orientações. "As classes são tão heterogêneas em termos de patamar de aprendizagem que, no geral, acabamos por não cumprir toda a proposta curricular", reclama a professora.
Os próprios Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Estrangeira para o Ensino Médio, de 2006, citam o desafio de superar a percepção de que o aprendizado de uma língua estrangeira se concretiza apenas em cursos de idiomas. Em sua pesquisa de mestrado na Universidade de São Paulo, O professor de inglês da escola pública: investigações sobre suas identidades numa rede de conflitos, a consultora de educação Renata Quirino observou que os próprios professores e a escola também acreditam não ser possível ensinar uma língua estrangeira na educação formal.
Confusão de sentidos
Parte desse problema é a confusão entre os objetivos do ensino da escola formal e dos cursos de idiomas, defende Renata. "Segundo os Parâmetros, os grandes objetivos das escolas regulares são o desenvolvimento de