Lichamento como Controle Social
Por: L.F.A
A prática de justiça popular vem sendo registrada desde a antiguidade, como controle social das mazelas em que a sociedade despreza. No Antigo Testamento dois registro conhecidos pela humanidade, como o de Maria Madalena condenada por adultério e salva por Jesus, e o de Estevão condenado e morto por apedrejamento por adorar o Deus cristão. Na construção da história das sociedades a ação social coletiva de julgamento e condenação imediata, se apresentou em distintos momentos, não cabe elenca-los, mas salientar que tiveram impacto social determinante. Entretanto, a reflexão do contexto atual diante dessa conduta social é ainda mais complexa, tendo em vista que vivemos em Estado de Direito. Com isso nos vem o seguinte questionamento: contemporâneos de nosso tempo, somos testemunhas de condutas tão improprias e ilegais, como esse tipo de ação sobreviveu ao espaço/tempo? No Brasil, os registros indicam que tal prática é mais frequente nos grupos mais pobres. Sempre que a moral social julgar o crime cometido inaceitável, a reação vai ser violenta. E não importa se é apenas uma suspeita, a comoção social é imediata e por vezes o linchamento é inevitável. Os motivos são variados, mais com certeza o principal é a descrença na justiça, esta que para a grande maioria pobre não corresponde ao ideal desejado. Consequentemente a uma desestruturação do Estado, em prestar os serviços básicos de forma eficaz à sociedade, o linchamento no país tem seu auge com o caos em que se encontra a segurança pública, culminada com a péssima qualidade da educação oferecida, que acaba por legitimar "a justiça com as próprias mãos". Quando o governo não garante o direito individual de um cidadão, cristalizado no princípio básico do contraditório, ou seja, todos são inocentes perante a lei, desde que se prove o contrário. O que se deve levar em conta é que a violência nesses grupos sociais é fator comum, desestabilizado pela falta de