Licenciatura
O trabalho constitui-se um fenômeno básico para se compreender a educação. Há uma íntima relação entre o trabalho e a educação. Na Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada em 10 de dezembro de 1948, lemos: “Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do seu trabalho, à condições justas e satisfatórias e à proteção contra o desemprego” (art. XXIII, 1). E indagamos: qual a relação entre educação e trabalho? É possível pensar-se o trabalho como expressão que fundamenta o homem – ser ético e de direitos à vida?
O objetivo deste trabalho é indagar se a relação direta, com ou sem pálidas mediações, que tem sido estabelecida entre educação, trabalho e desenvolvimento, tão apregoada nos últimos tempos, não se constitui muito mais de um processo social de legitimação das mudanças no mercado de trabalho, via desemprego e precariedade social, do que uma real e concreta exigência dos processos de produção de bens e serviços.
Num país de 190 milhões de habitantes, onde a taxa de analfabetismo atinge 15,1% da população de 15 anos ou mais (Fundação IBGE, Informe estatístico de 2010), é necessário ter cautela e restringir a argumentação para ela não correr o risco de ser irresponsável ou interpretada de forma equivocada.
É no próprio homem que, em seu ato fundamental do trabalho, potencializa o caminho da humanização. Sabe-se que o trabalho é considerado, aqui, como ação transformadora das realidades, numa resposta aos desafios da natureza, relação dialética entre teoria e prática. Percebe-se que, pelo trabalho, o homem se auto-produz, alterando sua visão de mundo e de si mesmo: do mundo cultural-educativo, do mundo econômico, político, social, com perspectivas éticas e com direitos econômicos da humanização, como prática do capital global. Com o trabalho o homem se afirma e se nega. Aliena-se e liberta-se. Segundo Dermeval Saviani (1994), percebe-se que “a educação coincide com a própria existência humana (…) as origens da educação se