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AGRICULTURA DE MOÇAMBIQUE PÓS-INDEPENDÊNCIA: DA EXPERIÊNCIA SOCIALISTA À RECUPERAÇÃO DO MODELO COLONIAL1 1. Introdução Este texto tem por objectivo demonstrar que em Moçambique, após um período em que se tentou implantar um sistema económico e social socialista (entre 1975 e 1986), as reformas “orientadas/sugeridas” pelas instituições financeiras internacionais (IFI), conduziram à recuperação, em grande medida, do modelo de desenvolvimento agrário e rural do período colonial. O texto faz um resumo das políticas aplicadas nas diferentes fases, sobretudo as que implicavam alterações estruturais, de concepção e estratégias de desenvolvimento. O texto tem três secções. A primeira apresenta a concepção e modelo de desenvolvimento agrário após a independência e a situação de crise gerada. A segunda refere as reformas e a aproximação à política agrária colónia. Finalmente faz-se um resumo. O texto possui um enfoque interdisciplinar, com abordagens da história e política económica e chamadas a elementos políticos e sociológicos. O presente texto está baseado em trabalhos anteriores do mesmo autor. 2. Política agrária após a independência a) O modelo/concepção Teoricamente, pretendia-se a socialização do meio rural através de um processo radicalizado, onde a estatização do sector privado constituía um dos eixos de desenvolvimento. A cooperativização era considerada a via para envolver os camponeses na colectivização produtiva e social. Apenas estas duas formas de produção eram consideradas com integrantes no sistema de planificação centralizada. Os produtores de pequena escala e o sector privado, não eram incorporados nos planos e, sem afectação administrativa de recursos, tiveram dificuldades de reproduzir os ciclos