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Labirintos Medievais
Partindo da citação que Delumeau faz sobre a frase de André Caquot, “a vida é uma peregrinação”, podemos levantar acerta da vivência cristã e da viagem que nos fala Santo Agostinho. Apesar de Caquot se referir à vida diante da concepção judaica, Delumeau levanta a intima ligação das visões cristã e islâmica nesse contexto de vida como passagem. Como colocado anteriormente dentro da concepção cristã, a vida é uma passagem, deste modo o tempo se insere deveras perigoso nesta peregrinação, ao dar possibilidades, desde o melhor ao pior. Compreendendo esta ideia da vida como a peregrinação do homem cristão, exposto aos males e as benesses e ainda assim resistindo tanto aos apelos carnais, como as provações tendo em vista seu único fim que deve ser à eternidade face a face com Deus. Desta forma podemos ter nos labirintos medievais das grandes catedrais como a materialização simbólica desta viagem iniciática da existência humana.
Existe no labirinto medieval um único caminho desde a entrada até o centro, sem bifurcações ou salas sem saída. Se apresentando como o duro caminho até Deus, desde o nascimento (a entrada) até chegar a Ele (o Centro) e assim associando-se à ideia de salvação. Este caminho sinuoso e confuso, onde apenas se conhece o inicio e sabe-se o fim, converge com a ideia da peregrinação cristã como a sua vida.
Delumeau defende que os labirintos medievais ilustram o pensamento agostiniano, em que a vida é difícil, complicada e sinuosa. Inserido neste caminho o cristão corre o risco de enganar-se, criar impasses, todavia no fim existe uma saída e só uma. Sendo assim a existência humana e a busca pelo Deus.
Sendo assim os labirintos nas grandes catedrais medievais possibilitavam aos cristãos ao percorrerem seus circuitos a vivência da temporalidade de forma simbólica, e assim materializar as questões acerca da sua existência. Pois ao resolver o labirinto de sua própria existência, perpassando todos os percalços, poderia almejar