Leviatã
”Da condição natural da humanidade relativamente à sua felicidade e miséria”.
A natureza fez os homens tão iguais, quanto às faculdades do corpo e do espírito que, embora por vezes se encontre um homem manifestamente mais forte do corpo, ou de espírito mais vivo do que outro, mesmo assim, quando se considera tudo isto ou conjunto, a diferença entre um e outro homem não é suficientemente considerável para que qualquer um possa com base nela reclamar qualquer benefício a que outro não possa também aspirar, tal como ele. Porque quanto à força corporal o mais fraco tem força suficiente para matar o mais forte, quer por secreta maquinação, quer aliando-se com outros que se encontrem ameaçados pelo mesmo perigo.
A natureza dos homens é tal que, embora sejam capazes de reconhecer em muitos outros maior inteligência, maior eloqüência ou maior saber, dificilmente acreditam que haja muitos tão sábios como eles próprios, porque vêem sua própria sabedoria bem de perto, e a dos outros homens à distância.
Se dois homens desejam a mesma coisa, ao mesmo tempo que é impossível ela ser gozada por ambos, eles tornam-se inimigos.
Os homens não tiram prazer algum da companhia uns dos outros, pelo contrário,tiram um enorme desprazer, quando não existe um poder capaz de manter a todos em respeito. Porque cada um pretende que seu companheiro lhe atribua o mesmo valor que ele se atribui a si próprio e, na presença de todos os sinais de desprezo ou de subestimação, naturalmente se esforça, na medida em que a tal se atreva.
Encontramos três causas principais de discórdia:
1. Competição, que leva os homens a atacarem uns aos outros tendo em vista o lucro. Usam a violência para se tornarem senhores das pessoas, mulheres, filhos e rebanhos dos outros homens.
2. Desconfiança, tendo em vista a segurança. Usa a violência para se defender.
3. Glória, tem em vista a reputação. Usa a violência por ninharias, como uma palavra, sorriso, uma diferença de opinião, e