Letras
FÁVERO, Leonor Lopes. Coesão e Coerência Textuais. 9 ª edição. São Paulo: Ática, 2003
A produção de um texto requer muito mais que simplesmente expressar algumas ideias num papel. Primeiro, é preciso ter amplo conhecimento linguístico e depois saber organizá-lo, utilizando de técnicas específicas de estruturação de palavras e pensamentos, a fim de conferir-lhe qualidade e sentido.
Para abordar esse tema, em toda sua complexidade, Leonor Lopes Fávero, doutora em linguística e considerada uma das maiores especialistas da língua portuguesa no Brasil, propõe, em seu livro, “Coesão e Coerência Textuais” uma reflexão acerca do assunto. A partir do segundo capítulo, questiona se há ou não distinção entre coesão e coerência, à medida que parafraseia alguns teóricos, com seus respectivos pontos de vista, para então dar fundamento à sua fala.
Segundo Halliday e Hasan (apud FÁVERO, 2003), o que caracteriza um texto são as ligações coesivas entre os enunciados e que essas ligações sejam suficientes para conferir textualidade, através de fatores que eles classificam como lexicais e gramaticais. Em suma, não distinguem coesão e coerência. Marcushi (apud FÁVERO, 2003) não impõe classificação, mas segue a linha proposta por Beaugrande e Dressler (apud FÁVERO, 2003) que analisam ambos os elementos em níveis distintos. Para eles, a coesão manifestada no aspecto microtextual, ou seja, expressada pelos fragmentos das informações, interliga as palavras dentro de uma sequência. Já a coerência manifestada do ponto macrotextual seria o resultado de processos compreensivos ativos referindo-se a união destes fragmentos e estabelecendo um enunciado contínuo.
Com tantos mecanismos considerados, a autora aborda do quarto ao sétimo capítulo três tipos de reclassificação para a coesão: referencial, recorrencial e sequencial que são prontamente exemplificadas através de diversos textos de escritores