Letras
No início Bagno expõe uma cena comum de preconceito lingüístico, na qual as personagens Silvia e Emília subestimam a sabedoria de Eulália, partindo da (infeliz, ainda que corrente) idéia de que uma pessoa que ?fala tudo errado? não pode ser sábia, e citam, ridicularizando, as palavras ditas pela senhora; palavras estas que são utilizadas pela maioria da população, como: ?probrema? e ?frósfro?.
Assim o autor inicia uma discussão sobre português padrão, português não-padrão e variedade lingüística, colocando de imediato que ?A fala de Eulália não é errada: é diferente. É o português de uma classe social diferente da nossa.?.
A professora Irene desfaz, com muita autoridade o mito da unidade lingüística no Brasil. Esse mito é primeiro descrito pelo mesmo autor em ?Preconceito Lingüístico: o que é como se faz?, por ser o maior e mais forte dos mitos. As conseqüências dessa crença são graves, principalmente em relação ao ensino, já que está longe do ideal de escola e professores que considerem, entendam e respeitem a realidade multifacetada da língua, oprimindo as diferenças lingüísticas dos alunos e prejudicando o seu desenvolvimento.
Bagno coloca que as variáveis, causadoras das variedades, vão desde idade e sexo, até região, classe social, nível de instrução etc. Outro fator importante para a mudança lingüística é o tempo; ainda que a mudança seja lenta e gradual, atingindo sempre partes e não o todo da língua, às vezes ela é percebida pelos falantes.
Como vimos existem muitas