Leitura semiótica dos elementos de uma capa de revista semanal de informação
Introdução
No dia 27 de março de 2010 o casal Alexandre Nardoni e Ana Carolina Jatobá foi condenado pelos crimes de homicídio doloso triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima), e de alteração do cenário do crime que teve como vítima a própria filha de Alexandre (e enteada de Ana Carolina), a menina Isabella Nardoni, de apenas cinco anos. Jogada do 6° andar do apartamento do pai por um corte na tela de proteção, Isabela chegou a ser socorrida pelos bombeiros, mas não resistiu e morreu a caminho do hospital.
Este caso, amplamente divulgado e coberto pela mídia desde a data do acidente, 29 de março de 2008 ao seu julgamento, dois anos depois, causou extrema comoção nacional e provocou diversas manifestações de repúdio ao casal. Fogos de artifício e gritos de “assassinos” foram ouvidos do lado de fora do Fórum de Santana no momento em que se divulgou que a decisão do júri, cinco dias depois do início do julgamento, tinha ido ao encontro do clamor popular. A pena de Anna Jatobá somou 26 anos e oito meses. Por ser pai da vítima, Alexandre foi condenado a uma pena maior, de 31 anos, um mês e dez dias de prisão.
Sendo assim, no dia 29 de março de 2010 (exatos dois anos da data deste crime) chegava às bancas a edição de nr. 619 da revista Época, objeto de análise do trabalho que se segue. Tentou-se fazer uma análise semiótica dos elementos componentes desta capa de modo a desvendar as intenções que permearam o trabalho da equipe de arte da revista, bem como uma análise que considera a capa como um todo, a trata como imagem, e busca nas discussões relativas à questão do conceito de imagem e de seus paradigmas os modos pelos quais esta capa de Época produz sentido de maneira satisfatória.
A cor
Na composição desta capa é notório que a opção pelo fundo preto é bastante intencional. Nesse contexto o preto funciona como quali-signo de um