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5475 palavras 22 páginas
estudos semióticos http://revistas.usp.br/esse/index issn 1980-4016

vol. 9, no 1

julho de 2013

semestral

p. 13 –21

A construção de identidades discursivas em textos sincréticos:
IstoÉ x Veja, Dilma x Serra
Ricardo Lopes Leite *
Susy Anne Almeida Cabral

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Resumo: O presente artigo tem por objetivo analisar, à luz da semiótica greimasiana, a construção de identidades discursivas dos ex-presidenciáveis Rousseff e Serra em capas das revistas semanais VEJA e
IstoÉ. Por identidade discursiva compreendemos a “imagem-fim” construída dialogicamente com base nos simulacros que os textos fornecem, tanto de seu enunciador, quanto de seu enunciatário. Trata-se, portanto, de uma identidade advinda e resultante do discurso. Do ponto de vista semiótico, as capas de revista são textos sincréticos em que se manifesta um efeito enunciativo global resultante da articulação de mais de uma linguagem no plano da expressão. Visto que as capas servem como porta de entrada para a manipulação, interessa-nos investigar como, nesses textos, categorias plásticas do plano da expressão articulam-se com categorias do plano do conteúdo para simular as identidades dos candidatos. Supomos que essa articulação cria um jogo de imagens que pode revelar, nas escolhas do enunciador, a euforização ou disforização da imagem de um candidato em detrimento de outro.
Palavras-chave: semiótica, textos sincréticos, identidade discursiva

Introdução
É consabido que a esfera midiática constitui campo de presença onde se desenvolvem relações intersubjetivas de manipulação. Se pensarmos os veículos de comunicação como enunciadores, cujo fazer persuasivo consiste, dentre outras coisas, na criação de jogos de imagens que produzem um efeito de verdade que pode levar o enunciatário (leitor) a aderir a um determinado ponto de vista, podemos afirmar que revistas como VEJA e IstoÉ assumem o papel de destinadores-manipuladores, desde que o leitor, por um contrato fiduciário anterior, se coloque na condição de

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