LEITURA INTERPRETATIVA: “ZITO MAKOA, DA 4ª CLASSE”. Neste conto de Luandino Vieira, retratado em um ambiente escolar na Angola, o personagem Zito, símbolo de preconceito e racismo, luta pela sua independência e identidade própria e não àquela imposta pelos colegas, pela professora e pelo diretor. É inegável esse universo de desigualdade, de violência e de esquecimento por parte da sociedade. Além disso, o racismo foi criado pelos homens e era visto como algo natural, como forma de oprimir e explorar os mais fracos. Ao lermos Nação Crioula, conhecemos Ana Olímpia, a mais bela entre as mulheres, contudo negra. No entanto, Fradique, seu amante, luta para extinguir a escravidão, pois ele está aberto às diferenças culturais, assim como Zeca Silva, amigo branco de Zito, que sempre o ajuda na luta contra a humilhação e o preconceito. Fradique entra de cabeça no movimento abolicionista e Zeca enfrenta a todos pelo seu ideal. Ambos são contra a injustiça e eles representam a lealdade, a verdadeira amizade. Ainda convém lembrar a confusão gerada por causa de um bilhete de Zito que dizia “... ANGOLA É DOS ANGOLANOS...” uma denúncia contra os colonizadores e uma luta pela libertação do país. Angola foi marcada pela guerra e pela violência, da mesma forma Zito, pois vivia em meio a bombardeios de preconceito e de maus-tratos. Em virtude dos fatos mencionados, temos no conto a busca pela aceitação, libertação e incorporação das diferenças raciais e culturais, resta aos homens perceber a semelhança entre todos os povos, portanto “... o que os homens fazem é feito por mãos iguais...” – “As mãos dos pretos”.