Leitura Bakhtiniana do Concílio Vaticano II: uma cunha para abrir caminhos novos?
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Leitura Bakhtiniana do Concílio Vaticano II: uma cunha para abrir caminhos novos? Dr. Paulo F. Dalla-Déa – UFSCAR*
Resumo
O cenário atual da Igreja está dividido entre pessoas que aceitam o Concílio Vaticano II como cenário de uma mudança pastoral e uma ruptura com o passado da Igreja Católica Romana e pessoas que querem ler o evento conciliar como continuidade na história da Igreja e da sua pastoral, lendo o Concílio através da teologia e dos documentos do Concílio de Trento e do Vaticano I. Ambos os grupos teológico-pastorais têm critérios e argumentos para defender as suas posições a respeito do evento conciliar. A leitura do filósofo da linguagem M. M. Bakhtin vai nos dar a possibilidade de abrir algumas possibilidades novas no atual impasse. Como uma cunha em uma madeira, ela pode possibilitar o rompimento do nó górdio que se criou e que cresce mais, pondo em perigo a unidade da Igreja. Os critérios e conceitos bakhtinianos são vistos e usados a partir da possibilidade que temos de interpretar e reinterpretar os textos conciliares para fazer o trabalho que nos propomos. Os conceitos aqui usados são: monologismo e dialogismo, a polifonia nos textos conciliares, a relação outro/eu que me constitui como único no mundo, o projeto de dizer do Concilio e a sua memória de futuro, analisando os termos teológico-luteranos como sacerdócio comum dos fieis, reforma da Igreja e a justificação pela fé.
PALAVRAS-CHAVE: Vaticano II, M. Bakhtin, dialogismo, polifonia, memória de futuro.
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1. Introdução
O atual cenário da Igreja nos levou a um impasse: há inúmeros e bem fundamentados grupos que advogam uma adaptação da Igreja ao mundo, quase de maneira ingênua e sucumbindo às suas exigências e aos seus caprichos. E há inúmeros grupos (cada vez com maior influência numérica e intelectual) que negam a necessidade dessa adaptação, querendo uma volta ao passado, pura e simplesmente. Esqueceram que, no passado áureo que eles idealizam, é que surgiu a