Leitura analítica
Ana Paula Paes de Paula
RESUMO:
Neste ensaio, revisitaremos o pensamento de Maurício Tragtenberg demonstrando a persistência das harmonias administrativas e do ethos burocrático na teoria e prática da administração. Sob um enfoque crítico, revelaremos que as novas teorias administrativas são tributárias das antigas escolas de administração e do modelo burocrático de organização. Analisaremos também o impacto das transformações capitalistas na teoria organizacional e a emergência da burocracia flexível.
SUMÁRIO:
1. Introdução; 2. O Fordismo e a ideologia da “harmonia administrativa”; 3. Pós-fordismo?; 4. A burocracia flexível e a era da “harmonia total”; 5. Considerações finais.
PALAVRAS-CHAVE: teoria crítica; pós-fordismo; organizações burocráticas.
1. Introdução
O objetivo deste ensaio é demonstrar a persistência das harmonias administrativas e do ethos burocrático na teoria e prática da administração. Para realizar este intento, analisaremos o conjunto das teorias administrativas do século XX, revisitando o pensamento de um dos principais representantes da teoria crítica no campo dos estudos organizacionais: Maurício Tragtenberg.
Retomaremos suas idéias [1] principalmente a partir do livro Burocracia e Ideologia, obra que se destaca no conjunto da produção acadêmica brasileira em Sociologia das Organizações. Neste livro, Tragtenberg denuncia o caráter ideológico das teorias administrativas, além de realizar uma minuciosa análise do pensamento weberiano, resgatando uma das principais preocupações do sociólogo alemão: a burocracia como um tipo de dominação. Tragtenberg também demonstra que as teorias administrativas nascem predestinadas a garantir a produtividade nas organizações, sofrendo, portanto, de uma inexorável vocação para harmonizar as relações entre capital e trabalho.
Constitui-se assim, na visão do autor, a ideologia da harmonia administrativa, que, ao