Legado da negritude
A Negritude, como movimento literário, político e filosófico, foi influenciada, desde o início, pelo pensamento ocidental, a nível da formulação da sua poesia, programas políticos e provocações filosóficas. Além disso, a Negritude influenciou a mentalidade ocidental, levando-a a pensar em África de forma positiva.[1] Em seguida, a Negritude deu o seu contributo positivo para a busca e construção de uma personalidade africana. A autonomia política governamental foi um dos resultados do ideal dos seus proponentes. Sim, a Negritude engravidou-se de um certo idealismo africano, do desejo, do sonho e dela foi nascendo a autonomia das diferentes áfricas.[2]
Pode-se dizer que a principal importância e mérito da filosofia da Negritude é o facto de que os próprios Africanos tiveram de defender e de criar a sua própria história como membros activos, afirmando a sua própria identidade e lutando por uma melhor qualidade de vida. Foi e continua a ser o sonho. Foi esta a sua responsabilidade insubstituível a nível da história.
Trata-se de uma responsabilidade porque a Negritude era funcional, no sentido de que respondia à necessidade de os Africanos serem reconhecidos como “iguais” ou melhor: como parceiros, embora diferentes, claro, da mentalidade europeia.
Ao mesmo tempo, a Negritude foi um empenhamento em satisfazer o desejo de mudança da própria situação, sendo um movimento orientado para a acção, em vista da identidade dos africanos e também, no caso de Senghor, de um consenso cultural pan-humano, que se reflecte no seu conceito Cultura do Universo.
Com o seu conhecimento poético e as suas provocações filosóficas, entre elas a emotividade, a intuição e a intensidade do ritmo, o ideal da Negritude continua a ser relevante, graças ao seu carácter partilhado com o movimento surrealista da época que constitui a postura de recusa[3] da exploração e da busca da liberdade.
Quanto à atitude de recusa