Lapidar palavras...descobri poetas
Ensinar leitura e escrita na perspectiva de gêneros requer estudos, pesquisa e, sobretudo, conhecimento do gênero, para que se possa apropriar do assunto e traçar caminhos para que o aluno tenha facilidade em superar os desafios que a escrita impõe e dominá-la com propriedade.
Pensando assim, ministrei as oficinas do fascículo Poemas na turma de 5ª série ano passado. Familiarizei-me com a proposta e este ano pude traçar estratégias que possibilitaram maior rendimento em meu trabalho, propiciando aos alunos, o prazer de brincar com as palavras, aprender e conquistar o conhecimento.
Como nem tudo são flores, tivemos momentos de cansaço, desânimo. A escola entrou em reforma, salas de aula foram improvisadas na quadra esportiva e a falta de merenda escolar reduziu o horário das aulas. Estou grávida e sinto seus sintomas: enjôos, indisposição.... Mesmo com tantos atropelos não desisti. Afinal persistência faz parte de mim.
Escolhi, para começar os trabalhos, o poema de Casimiro de Abreu “Meus oito anos”. A idade pueril dos meus alunos não encontrara reflexo maior nas palavras de outro poeta.
“Ah! Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais”
Como fazer poesia sem ser embriagado pelos sonhos, pela sensibilidade e pureza das crianças? Pensei na pureza das respostas das crianças e descobri que a poesia estava ali, no semblante de cada pequenino, mas não seria fácil desvendá-la. Era preciso diferenciar poema de poesia. Para isso, após a sondagem inicial, resolvi ler para os alunos “Cantador (de sentimentos escondidos)”, de Antonio Gil, publicado no fascículo de poemas/2008. Quando comecei a leitura era como se aquele cantador (para mim, um encantador) estivesse ali, contagiando a todos com suas palavras de encantamento, e com facilidade aprenderam a distinguir poema de poesia. Mas aquele entusiasmo todo, escondia o caminho das pedras. Para trilhá-lo, procurei aliados.