Lampião sem maria bonita
Mensalmente, a partir de junho de 1978 surgia nas bancas “O Lampião da Esquina”. O nome tinha uma dupla origem no que diz respeito á sua composição.
A primeira em um lampião iluminado e a segunda no cangaceiro Virgulino Ferreira dos Santos, símbolo máximo do que se pode chamar de “cabra macho”. A intenção principal era mostrar a homossexualidade sem estereótipos. Mostrar o gay, não como uma caricatura, mas como cidadão comum. Para isso havia algo fundamental: um jornal escrito por homossexuais, o que tornaria esse objetivo mais claro para os leitores. O ano era 1978 e o País vivia sob uma perspectiva de abertura política e novos horizontes no que dizia respeito aos direitos humanos. A livre expressão sexual era parte desses direitos, segundo os idealizadores do jornal. A proposta não era de fechar-se em um gueto, mas pregar a coletividade e convivência entre diferentes ideologias e visões de mundo. Era preciso então, uma integração nacional entre os homossexuais. O Jornal era uma forma de unir essas diversas minorias com o objetivo de combater a imagem marginalizada que tinham os homossexuais. Seguindo essa linha “O Lampião” apresentava – se como um jornal de apoio á todas as minorias oprimidas Em uma época em que havia um disfarce da realidade e pseudo-preservação da moral e dos bons costumes Havia uma necessidade de se quebrar certo “modelo” criado pela sociedade de gay promiscuo, ser noturno. Era preciso mostrar o cidadão que havia dentro dessas pessoas. O Lampião da Esquina atentava para a condição além da aceitação
Social. Para ele, o ato de se assumir tinha que ultrapassar os limites da. imagem escachada do homossexual, uma figura caricata e vulgar para a diversão dos heterossexuais. Escrever e colocar todo mês uma edição diferente era uma maneira de reverter essa situação e “esclarecer a população” sobre a experiência homossexual em todos os campos da sociedade e da