Lamento De Um Rio
Julio Saldanha
Nasci quando nasceu a vida
Meu rumo eu mesmo tracei
Pra frente, sempre andei
Tranquilo como um ginete
Eu vi nascer o Alegrete
Lhe ajudei a levantar
Por que agora eles querem
Aos poucos me derrubar?
Sou um rio de muitos poetas
Que cresceu sem ter ninguém
Hoje eu preciso de alguém
Que me ajude a caminhar
Dou água, não sei cobrar
Faço brotar a semente
Lembrem que eu estou vivo
Não só quando estou de enchente
Sou remanso, correnteza
Tenho o peixe e o amarilho
Me adota como teu filho
Me olha com o coração
Preciso seguir andando
Levando a vida comigo
Não mereço esse castigo
Carregando a poluição
Um homem por mais homem
Vendo a morte se apavora
Não quero ir-me embora
Morrendo a cada manhã
Estou triste e solitário
Como grito do Tarrã
Escutem este lamento
Eu sou o Ibirapuitã
Menino do Rio
Caetano Veloso
Menino do Rio
Calor que provoca arrepio
Dragão tatuado no braço
Calção corpo aberto no espaço
Coração, de eterno flerte
Adoro ver-te...
Menino vadio
Tensão flutuante do Rio
Eu canto prá Deus
Proteger-te...
O Hawaí, seja aqui
Tudo o que sonhares
Todos os lugares
As ondas dos mares
Pois quando eu te vejo
Eu desejo o teu desejo...
Menino do Rio
Calor que provoca arrepio
Toma esta canção
Como um beijo...
Menino do Rio
Calor que provoca arrepio
Dragão tatuado no braço
Calção corpo aberto no espaço
Coração, de eterno flerte
Adoro ver-te...
Menino vadio
Tensão flutuante do Rio
Eu canto prá Deus
Proteger-te...
O Hawaí, seja aqui
Tudo o que sonhares
Todos os lugares
As ondas dos mares
Pois quando eu te vejo
Eu desejo o teu desejo...
Composição: Caetano Veloso