Kaspar Hauser: um ser incompleto

Ricardo Diego Nunes Pereira

Kaspar Hauser: um ser incompleto

Trabalho comparativo sobre alguns conceitos antropológicos inseridos no filme “O Enigma de Kaspar Hauser” referente à disciplina Antropologia I, Centro de Educação e Ciências Humanas, Departamento de Ciências Sociais, UFS.

Prof. Hércules Correia.

São Cristóvão
Agosto 2005
KASPAR HAUSER, UM SER INCOMPLETO

“Ninguém aceita Kaspar”. Essa frase dita em uma das cenas do filme “O enigma de Kaspar Hauser” revela o incômodo que K. Hauser representava na comunidade de Nuremberg.
Aparecendo de forma misteriosa numa praça dessa comunidade, seria ele um estranho que não se sabia quem era ou de onde vinha. Trazia consigo apenas uma carta que pouco explicava a sua origem. Possuía também algumas habilidades peculiares e quase nenhuma experiência mundana. Sabe-se depois que ele vivera isolado, o que explicava o seu comportamento estranho em relação aos padrões sócio-culturais estabelecidos. Era, por isso, objeto de espanto e interesse. Amparado por um professor, Kaspar iniciou seu processo tardio de socialização. Seu modo diferente de ser, questionando realidades inabaláveis, fez com que fosse assassinado de maneira tão misteriosa quanto seu surgimento.
Essa breve sinopse apresenta a visão de que havia um modelo de civilização e de desenvolvimento, que enfatizava aquilo que era comum a todos, ou deveria ser. K. Hauser seria, portanto, um ser não civilizado, à margem da sociedade civilizada. Ele pouco sabia da vida convencional e do sentido da linguagem das pessoas desse “novo mundo”. Tudo lhe era estranho; basta notar no filme o olhar assustado que figurava o seu rosto.
Kaspar Hauser não era um ser culturalmente modelado pela sociedade. Era incompleto, movido por uma lógica diferente daquela firmada pelo conceito de civilização. Desse modo, ele via a realidade, muitas vezes, de uma forma contraria da ordem social vigente, o que era