Karl Marx e Inside Job
A desigualdade social é um tema extremamente atual e presente nas teses do filósofo Karl Marx. O pensador alemão põe no centro de todos os processos históricos a chamada luta de classes, que seria a disputa entre as classes mais pobres e as mais ricas, conceito que muito se relaciona com a dita desigualdade. As teses dele perderam muito sua popularidade no século passado por dois motivos, principalmente: a “derrota” da URSS na Guerra Fria e a aparente diminuição das desigualdades sociais no período pós guerras. Todavia, com o surgimento nas últimas décadas de um padrão no mercado financeiro do qual o documentário Inside Job trata, o sistema capitalista como é hoje vem sendo questionado e com isso, tem-se um certa “re-ascensão” das ideias marxistas. O padrão apontado pelo filme diz respeito a formação de bolhas financeiras que quando estouram causam fortíssimas crises econômicas. Como o filme explica, essas bolhas nascem e crescem por causa de atitudes inconsequentes e baseadas em uma mentalidade que só leva em conta o curto prazo por parte dos grandes bancos de investimento e, quando as bolhas estouram e essas instituições financeiras ficam à beira da insolvência, as mesmas são salvas pelos governos com pacotes multibilionários compostos de dinheiro dos contribuintes, fazendo com que a esfera pública venha a arcar com a dívida e a inconsequência da esfera privada. Além disso, muitos desses executivos que causaram as crises lucram com as mesmas e recebem bônus milionários por um desempenho que, em análise de longo prazo, gera recessão. As crises geradas por esse padrão evidenciam as desigualdades sociais inerentes à luta de classes porque – recorrendo ao gasto clichê – com as mesmas, os ricos ficam mais ricos e os pobres ficam mais pobres, o que dá novas forças às teses marxistas.
Uma questão que se levanta é: como resolver as referidas desigualdades? Um erro comum quando se trata de combate à desigualdade social é