Kant

Introdução

Há certas idéias das quais a razão utiliza para dar unidade ao exercício empírico do entendimento. A essas idéias não se encontra objetos relacionados – objetos concretos do mundo sensível. Pode-se até criar para tais idéias algo que teria a aparência de um objeto (Deus, por exemplo) mas isso se dá, e a própria necessidade dessa idéia em conjunto, devido, não à inteligência do sujeito ou uma intuição de tal objeto (um insight, uma aparição), mas apenas pela agonia especulativa da razão, que aqui passeia por terras que estão além da fronteira conceptual. São idéias regulativas, reguladoras (como a própria idéia de uma regularidade da natureza) que guiam – e guiaram desde antes, não se sabendo porém desse seu ser não mais que idéias reguladoras – o entendimento no seu exercício com o empírico, dando a este exercício uma esperança motriz, e de certa forma, sendo até uma causa para o exercício ele mesmo, esperança de uma unidade sistemática do todo. não se pode dizer dessas idéias que são constituintes da natureza, nem mesmo à respeito da idéia que é como que uma condição necessária para a própria existência do entendimento – a idéia de que haja uma semelhança, ou, no limite, uma possibilidade de investigação, dentre o diverso dos fenômenos; essa idéia, apesar de todas as vontades do sujeito em realizá-la, deve ser tomada como não mais que uma idéia reguladora da razão, uma idéia que permite o exercício do entendimento, uma idéia transcendental até, mas nunca uma propriedade necessária e constitutiva da natureza ela mesma, pois dela, enquanto por si e para si, nada podemos dizer.

“A unidade da razão é a unidade de sistema; e essa unidade sistemática não é um princípio objetivo, que estende seu domínio sobre os objetos, mas uma máxima subjetiva, que estende sua autoridade sobre o conhecimento empírico dos objetos.”[2]

Essas idéias, pode-se ver, são, de toda maneira, condições de possibilidade de um pensamento sistemático, portanto, s]ao idéias