Kant e o filme "jardineiro fiel"
Desde da constituição do Estado Moderno, principalmente a partir do século XVIII, a vida social passa a ser orientada por normas jurídicas, que indicam o que não se deve transigir nas relações interpessoais, o que inclui o binômio empresa-cidadão. Pelo menos esta é a norma geral para os países ocidentais. No entanto, o filme “O fiel jardineiro” apresenta um outro pano de fundo que desconhece o valor capital vida e desta maneira subverte este valor, pondo o meio a frente do fim. Para as empresas farmacêuticas que testam medicamentos sem seguir os devidos protocolos internacionais, pulando etapas e usando pessoas como cobaias e causando inúmeras mortes, a vida é apenas uma questão econômica. Ao não seguir regras, ao testar remédios poupasse tempo e é possível obter a cura. E desta maneira, produzir em escala industrial e sair a frente de possíveis concorrentes com preços exorbitantes, afinal possuem o monopólio da cura. O que agrava o quadro é o local escolhido para estes experimentos, o Quênia, país pobre da África em que a fraqueza de suas instituições permitem o fluir da corrupção.. É neste contexto que se desenvolve a relação amorosa entre um diplomata e uma pacifista, ambos ingleses (Justie e Tessa). Ela se desloca para aquele Pais africano e descobre a trama da indústria farmacêutica, atuando junto a um médico com a finalidade de orientar a população sobre os riscos dos remédios. Por esta atitude ela é morta. Neste meio tempo, Tessa perde seu filho com o diplomata no momento do parto em precário hospital queniano. Ao ser informado da morte de sua companheira, Justie é surpreendido e decide ir ao Quênia verificar em que condições ocorreu a morte dela. Dai em diante, o filme impõe um dilema moral para ele: o que fazer? Baseado em que valores Justie deve agir? E a sua condição de diplomata, indica a necessidade de discrição, mesmo em se tratando de assunto de caráter particular. No decorrer do filme, ele