KANT E A PAZ PERPE TUA 1
11.10.2003 | Fonte de informações: Pravda.ru
Um pequeno livro do filósofo Immanuel Kant (1724-1804), intitulado A
Paz Perpétua. Um Projeto Filosófico, escrito em 1795, é uma obra surpreendentemente atual.
Nele, Kant defende a existência de uma instituição supra-nacional e uma constituição universal, para garantir a paz entre todos os Estados. Também expõe os empecilhos à paz duradoura que com o passar do tempo só se tornaram mais sérios e difíceis de serem eliminados, como o militarismo; os exércitos permanentes; o uso da espionagem, do terrorismo e da traição como elementos de política externa; e a interferência de grandes potências nos assuntos internos e soberanos de outros países.
Além disso, ainda foi dos poucos europeus de seu tempo a criticar o colonialismo. Estes outros elementos de seu livro são muito interessantes e válidos ainda hoje para criticar as ações internacionais de várias potências, mas no presente artigo trataremos apenas de sua proposta para a paz duradoura e universal.
Para estudar a política, Kant adota, como quase todos os filósofos de sua época, a teoria do contrato social: os homens viviam em um estado originário de liberdade completa e irrestrita, em que cada um fazia o que bem lhe aprouvesse e, por isto, não havia garantia de paz ou respeito entre eles — todos estavam constantemente ameaçados de terem suas posses, liberdade e vida arrebatadas pelos demais. Para chegar a um estado seguro de paz, os seres humanos realizaram então um contrato, criando leis e um poder estatal que se encarrega de fazer valer os direitos de cada um, impondo-os à força àqueles que não querem respeitá-los, se necessário.
Este é exatamente o ponto central do texto de Kant acerca da paz perpétua entre as nações: a guerra ocorre porque ainda prevalece o estado de natureza entre os países, não há nenhum poder acima deles que zele pelos direitos de cada um, resolvendo suas disputas: "o modo como os Estados perseguem o seu direito nunca pode ser, como