Kant e Hegel
Otto von Habsburg2
Nós consideraremos aqui o aspecto formal do Estado -- a questão de monarquia versus república – que, na maioria das vezes, é discutida de um ponto de vista altamente emocional ao invés de racional. O debate gira em torno de argumentos ad hominem. Uns poucos ocupantes indignos de tronos reais são citados e apresentados como exemplos da Monarquia como tal. Os defensores da Monarquia não são melhores. Apontam políticos profissionais corruptos, que existem em bom número, e argumentam que esta é a conseqüência necessária de uma constituição republicana. Nenhum é um argumento racional. Houve monarquias boas e más e repúblicas boas (como a
Suíça) e outras que estão longe de alcançar o mesmo nível.
Cada instituição humana, no final das contas, tem seus lados bons e maus. Uma vez que este mundo é habitado por homens e não por anjos, os crimes e os erros continuarão a ocorrer... Os republicanos gostam de afirmar que um regime monárquico significa o domínio da aristocracia. Monarquistas, por sua vez, apontam as dificuldades econômicas, os impostos e a interferência do Estado na vida privada em repúblicas atuais e comparam estes casos com a liberdade e bem-estar econômico sob as monarquias pré-1914. Ambos os argumentos são inconvincentes. Usam o velho truque propagandista de comparar resultados obtidos por causas inteiramente distintas. Qualquer um com intenções honestas compararia monarquias atuais com as repúblicas atuais.
Será então visível que a aristocracia por nascimento não ocupa nas monarquias nenhuma posição mais importante do que nas repúblicas, e que todos os
Estados, qualquer que seja sua forma de governo, são afetados igualmente pelos problemas sérios dos dias atuais.
Os republicanos argumentam freqüentemente, além disso, que a monarquia é uma forma de governo que pertence ao passado, enquanto a república o é a do futuro. Mesmo um conhecimento superficial de História é