Justi a o pio da sociedade
Abordando a atual ideologia jurídica, um ponto de partida para uma respectiva crítica seriam as interpretações e distorções construídas por suas normas (leis).
Alicerçado pela teoria marxista, compreendo que os trabalhadores estariam dominados pela ideologia da classe dominante, ou seja, as ideias que eles têm do mundo e da sociedade seriam as ideias transmitidas pela burguesia (os dominantes).
Logo, aquele que dá leis ao povo (o legislador) pertence a máquina repressiva do Estado e, em sua maioria, originário dos grupos mais fortes, assim, nunca irão legislar contra a sua ideologia, que será, por extensão, a ideologia do próprio Estado.
Assim a lei está a serviço dos possuidores do capital, que controla e garante segurança para o jogo da economia mercado, mediante o reconhecimento, a definição e a regulação da propriedade privada, do livre acordo contratual, dos direitos adquiridos, patrocinados por uma tão proclamada segurança jurídica, que na verdade é um grande esforço pela manutenção da segurança dos poderes atuais.
Nesse campo de atuação linear do direto, fundamental é entender os mecanismos de discurso falso de tal justiça social e igualitária, mas ocultando as reais desigualdades sociais das classes bem como as contradições entre estas e as ideias que supostamente as explicam e controlam, como se natural fosse as condições de existência e encobrindo as contradições dessa realidade.
Assim colega de curso, opera o sistema jurídico com a distorção do real, encarregando-se de fazer com que as imagens das relações sociais sejam reproduzidas e transformadas num conjunto coerente lógico e sistemático de idéias que agirão como apresentação da realidade, estabelecendo normas e regras de um comportamento ideal.
Nesse sentido a ideologia jurídica assegura a todos, modos de entender a realidade e de se comportar nela ou diante dela, eliminando dúvidas, ansiedades, angústias, revoltas, se revelando o ópio da sociedade brasileira.