Juros
O Brasil apresenta hoje a mais elevada taxa de juros reais do mundo. Juro real é uma medida da taxa de juros básica da Economia, em nosso país, representada pela taxa Selic, descontada a expectativa de inflação.
Nosso Banco Central, que paradoxalmente a tudo o que tem feito, clama por independência e autonomia, entende que a inflação é um monstro adormecido, de sono leve, que habita nosso cotidiano sob o risco iminente de despertar a qualquer momento. Parece crer, piamente, que crescimento econômico, no Brasil traz inflação em seu bojo. Por isso, sob a égide das questionáveis metas inflacionárias, impõe taxas de juros elevadas, objetivando conter a demanda agregada, ou seja, fazer com que os consumidores deixem de comprar. Assim, qual será o comerciante que elevará seus preços, gerando inflação, se já nos patamares atuais ninguém compra?
Juros altos, demanda retraída, produção contida. Desemprego como efeito colateral. Onde buscar mesmo aqueles 10 milhões de empregos da campanha eleitoral?
Mas o problema não cessa aí. Mais da metade da dívida pública do governo federal é indexada, exatamente, à taxa Selic. Taxa alta, gastos demais com juros, investimentos de menos em escolas, hospitais, habitação, segurança e infra-estrutura. É um Estado predestinado a gerar superávits primários e nada mais.
Como se não bastasse, juros reais elevados atraem investidores. Não aqueles dispostos a construir fábricas e gerar empregos, mas aqueles interessados em realizar ganhos rápidos nos mercados de capitais. São os famigerados especuladores que trazem consigo um capital tão volátil quanto éter, capaz de ir embora com a mesma velocidade com que entra num mero clique via Internet. Afetam nossa taxa de câmbio, através de seus fluxos, impactando nossa balança comercial e, por conseguinte, nosso balanço de pagamentos. É por isso que nossas reservas internacionais são tão baixas e nossa credibilidade tão insólita.
A praga dos juros altos mata o