Juliano
O grande cerne da discussão entre Eugênio Gudin e Roberto Simonsen parte do grau da interferência do Estado no desenvolvimento da economia, tema que é relevante até os dias atuais.
Inicialmente, ambos os engenheiros apegam-se ferrenhamente a suas doutrinas, como se o debate fosse uma grande dicotomia, mas aos poucos, cada uma das partes abandona seus pontos de vista radicais, relativizando a importância da presença do Estado no desenvolvimento da economia, com maior ou menor intensidade para cada lado.
No entanto, modificações profundas já haviam se passado no contexto global e o Brasil sobe, ainda que tardiamente, seus primeiros degraus na escala de industrialização.
O Brasil, até o início da Primeira Grande Guerra, tinha o café como principal produto exportador e, igualmente, pilar central de sua economia. Este insumo era importante para a cesta básica do proletariado europeu, para mantê-los atentos as duras jornadas da revolução industrial do século XIX, porém, a bebida estava longe de ser um insumo essencial em momentos de crise.
Contanto, com o término da Primeira Grande guerra, o consumo de café cai drasticamente e a rentabilidade de nossa atividade exportadora diminui. Além disso, todas as grandes nações iniciam um processo de reestruturação, e os produtos manufaturados importados encarecem.
O Brasil, então, concentra suas atividades no seu mercado interno e inicia um processo de substituição de importações. Aproveitando um intervalo de bonança entre a primeira guerra até a Grande Depressão de 1929, o Brasil importa bens de capital para estruturar suas indústrias, principalmente as têxteis e alimentícias, que caracterizam o quão primitiva ainda era nossa necessidade de consumo.
Após o big crash de 1929, temos o fim das regras do jogo dominantes: O padrão-ouro, o liberalismo comercial e a supremacia britânica. As nações se fecham e tomam rumos distintos e o Brasil decide por uma toada ainda conservadora. Getúlio Vargas, aos