Juliane
Ao estacionar o carro em local proibido, ao furar a fila em algum banco ou na telefônica, ou mesmo para adquirir um emprego sem passar por todas as formalidades previamente anunciadas, eis que surge o jeitinho.
Aparentemente inocente, simpático até, a forma de solicitar o jeitinho varia de pessoa para pessoa e de autoridade para autoridade; mas, em todos os casos, a essência é a mesma: burlar o estabelecido, passar por cima da lei, auferir privilégios e benefícios.
O bordão de Boris Casoy para “passarmos o Brasil a limpo” somente terá efeito se nos detivermos sobre as causas e a prevenção de nossa conduta como cidadãos, no respeito ao dispositivo legal de que a lei é para todos e a ela todos devem se submeter.
Fonte precípua de corrupção, elemento de desagregação do conceito de cidadania, crescemos com uma visão deturpada da lei. É o momento onde a Lei da Selva, que é a do mais forte, e também a Lei do Gérson de sempre querer levar vantagem, toma a dianteira e solidifica o sentimento de que a lei deve ser para os outros, não para nós mesmos; e que a lei somente deve ser invocada se em benefício próprio – em contraposição com o benefício da sociedade como um todo.
Em 25 de agosto de 1992, ao proferir uma palestra para os formandos do curso promovido em Natal pela Associação dos Diplomados da Escola Superiror de Guerra (ADESG), abordei este tema. O título de minha palestra era Ética na Política. Naquela tarde, o senador Almir Lando lia o relatório da CPI, da qual o Deputado Benito Gama era o presidente, com cobertura televisiva em cadeia nacional.
Uma das conclusões a que cheguei era a de que o ensino