Judaismo
Os profetas eram uma gente muito típica. Andavam mal vestidos, mal alimentados e mal abrigados. Eram na maior parte camponeses, pastores e lenhadores, homens que se ocultavam nas montanhas da Judéia, comendo raízes e mel e, às vezes, até mesmo capim e flores, e que andavam proclamando a cólera de Deus contra as iniquidades dos homens. Esses profetas não só expressavam as mais estranhas idéias, mas usavam os mais estranhos meios de exprimi-las. Um deles andou nu pelas ruas de Jerusalém, afim de mostrar que a cidade seria desnudada por causa de seus pecados. Outro sujava seu pão antes de comê-lo, como sinal de que Deus mancharia também sua nação. Um terceiro andava, dia e noite, com uma canga no pescoço, como lembrando que seria melhor para Jerusalém suportar o jugo do Egito do que revoltar-se e encarar as consequências. Afinal, eram objeto de ridículo para muitos de seus contemporâneos.
Consumia-os porém, uma ânsia de justiça e uma paixão de misericórdia. Tomavam sempre o partido do pobre contra o opressor. Possuíam uma coragem sublime. Ousavam penetrar no palácio do rei e denunciar-lhe, face a face, a tirania. Um deles, Jeremias, foi lançado numa fossa, por causa de suas atrevidas expressões. Ali ficou, quase morto de fome e de sufocação. Quando o rei, depois de vários meses, concluiu que a escuridão da fossa havia ensinado a Jeremias a prudência de conter a língua, mandcu trazê-lo a seu palácio.