João goulart
De Jânio a Jango: um veto militar?
Jânio apresentou sua renuncia na manhã de vinte e cinco de agosto. Orientou o ministro da justiça que sua decisão só poderia ser transmitida ao congresso até às três horas da tarde. Às onze horas da manhã o presidente deixa Brasília em direção á São Paulo. Jânio, em São Paulo, base aérea de Cumbica, informa á um grupo de governadores que sua decisão é irrevogável. A carta é lida, no horário estipulado por Jânio, para os trinta e quatro deputados presentes na câmara (de trezentos e vinte seis deputados), evidenciando o nível de divulgação da informação.
Foi enorme a surpresa causada pela renúncia de Jânio Quadros. Segundo a constituição o vice-presidente seria o sucessor legitimo ao cargo de presidente, caso este esteja impedido o presidente da câmara dos deputados assumiria provisoriamente o cargo de presidente do brasil. Foi oque aconteceu. Ranieri Mazzilli assumiu a presidência enquanto o vice-presidente estava fora do país em uma missão comercial na China. Na noite de vinte e cinco de agosto, apesar de Mazzilli ter assumido a presidência, o poder efetivo estava nas mãos dos ministros militares. General Odílio Denys, Ministro da guerra, brigadeiro Moss, Ministro da aeronáutica e o almirante Sílvio Heck, ministro da marinha. Estes imediatamente declaram estado de sitio para evitar qualquer manifestação popular.
Uma questão fica no ar: haverá movimento para que Jânio volte à presidência? Jânio contava com grande apoio das massas, porém alguns fatores agiam contra as manifestações de apoio possivelmente previstas por Jânio: a própria declaração de Jânio de que sua decisão era irrevogável; Jânio estava severamente vigiado e, não podia ou não queria fazer declarações públicas; durante seu breve mandato, Jânio não se esforçou para consolidar seu amplo, porém difuso, em instituições na sociedade civil que pudessem se mobilizar á seu favor e fornecessem a retaguarda para esse tipo de manobra; por