Ler os jornais e buscar enxergar além da notícia é um exercício que deveria ser praticado, diariamente, por todos os profissionais de comunicação, em especial os jornalistas e os gestores da comunicação nas organizações. Assumir esta postura crítica significa extrapolar o limite em que se insere o cidadão comum, impossibilitado de perceber nitidamente o que se passa à sua volta. Há a leitura como entretenimento (qual a escalação do meu time no jogo de hoje , quais são os filmes em lançamento ou mesmo o que diz o meu horóscopo?) e a leitura por motivação profissional (o que está nas entrelinhas da proposta do governo, o que na verdade estão defendendo os empresários e por aí vai). Fiz este exercício nos jornais de terça-feira, dia 4 de novembro de 2008, e resolvi registrar aqui. Evidentemente, para quem lê vários jornais, como é o caso, há um punhado de notícias que chamam a atenção e isso é normal porque cada um de nós tem vários interesses que vão do esporte à economia, da política à ciência e tecnologia. Mas posso citar 3 que me convidaram para uma reflexão. A primeira delas, mais ou menos óbvia, é a da fusão entre o Itaú e o Unibanco, dois gigantes do mercado financeiro nacional. Com certeza, a maioria dos jornais destacou o que foi proclamado na coletiva (como era de se esperar, um grande oba-oba) que anunciou o fato: o surgimento, pela fusão, do maior banco do Brasil e da América Latina, com ativos de quase 600 bilhões de reais, numa exaltação ao nacionalismo caboclo. Somos os maiores, estamos longe da crise. Paralelamente, ressaltou-se a adesão do governo, mais preocupado no momento em ver afastada a crise do que em outras questões também muito importantes. De que se falou pouco ou o que passou batido na cobertura dos jornais? Ora, o que significa esta concentração abusiva no sistema financeiro, como fica a situação do consumidor, já que, por uma regra do mercado, quando há menos "players" , a tendência é sobrar para o lombo de todos nós. Não