Jornalismo é Consumo
Luis Gustavo Barbosa – 2.o Semestre / Jornalismo
Eu parto do principio da organização de nossa sociedade, que é capitalista. Baseado nisso, a classe jornalística não se exime dos sonhos de consumo, planos de crescimento financeiro e mesmo das mazelas sociais que podem acorrer a qualquer um, como perder o emprego, adoecer de modo que impossibilite o trabalho e o conseqüente cumprimento de contratos.
Por mais que um jornalista se prepare e faça escolhas que o protejam de determinados acontecimentos, ele não é imune à propaganda, aos desejos de conforto, prazer. Além, é claro, de coisas de acordo com Maslow, como cuidar de si mesmo ou de sua família, de seus bens, de se sentir realizado com o trabalho desempenhado.
Daí digamos que um dia esse cara esta no emprego dos sonhos, na Abril, Estadão ou Folha. De repente surge uma oportunidade de fazer alguma denúncia, trazer a público algo que estava escondido até pouco tempo e elabora então uma matéria rica, ilustrada, onde ficará muito claro o teor da denúncia. Neste momento, com tudo pronto, mostra para o editor-chefe que lê o material, entende o caso mas que se lembra também da reunião anterior que teve com aliados políticos do protagonista do caso e da posição adotada pelo veículo: omissão. Daí então começa a explicar meio sem graça que já houve algo determinado “de cima” sobre o assunto e tal, e pede arquivamento.
Como o jornalista que fez a matéria, pesquisou, pressionou fontes, reuniu extensa documentação para até ali e agora isso?
O chefe deixou “claro” através das entrelinhas que se houver insistência, o caldo engrossa.
O jornalista conversa com amigos de outros veículos, que relatam situações similares, e fica pensando no que fazer a respeito.
Chega em casa no carro financiado (ainda faltam 23 prestações), entra no apartamento alugado, coloca a carteira recheada de cartões de credito (dentre os quais para a maioria só anda pagando a taxa mínima) e senta-se no sofá parcelado num rompante de