Jornal de época
SCENAS DEPRIMENTES E DOLOROSAS NA ZONA DO S. FRANCISCO
O chefe de Districto da Repartição Geral dos Telegraphos forneceu à Imprensa o seguinte despacho recebido hoje da Bahia:
"Ao Dr. Agenor Miranda - Rio - Situação actual do Rio S. Francisco: - Esta zona atravessa período estiagem verificada igual somente 1915. Rio se acha nível baixo dificultando navegação vapores pequenos paralisando navegação vapores maiores. Ultimas chuvas foram cahidas Março este ano. Criações gado dizimando-se escassez pastagens água nas propriedades centraes. Cada dia aumenta dificuldade cereais que já gozam preços absurdos relação preços comuns zona. Falta cereais elevação preço corroborado deficiência praça vapores que preferindo conduzir milhares emigrantes seguem procura sul paiz busca trabalho obtém assim maiores lucros passagens. Emissários vindos sul paiz promessas vantajosas ou illusorias amimam emigração. Vapores sobem superlotados emigrantes como verdadeiros irracionais promiscuidade falta absoluta higiene coagidos empréstimos lhes são feitos emissários os acompanham. Verdadeira escravidão estabeleceu-se esta pobre zona contra leis humanidade civilização que tanto se apregoa no nosso paiz. Urge ação governo auxilio indirecto população são franciscana construções. Telegrapho estradas de rodagens melhoraria mesmo auxilio municipalidades obras necessárias seus portos prédios escolares, etc. etc. Temperatura têm-se elevado na sombra a 36º."
ESCRAVISMO?
Os telegramas vindos hontem de Belém, no Pará, dão-nos conta de um dos casos mais espantosos destes tempos. Dizemos "espantosos", não para efeitos sensacionalistas. A expressão parece forte, mas não o é. Basta ter-se em conta que esse termo deflúe naturalmente dos lábios de qualquer pessoa que, tendo acompanhado o "caso Ford" na Amazônia, tenha lido a noticia que nos veio hontem do Pará.
Relatam os telegramas que 400 trabalhadores fugiram de Tapajóz, por não quererem trabalhar