Jorge amado
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O País do Carnaval é um romance que segue o mesmo cronograma do povo brasileiro: tudo começa e termina com a chegada do Carnaval. Mas não se deixe levar pelo título, este não é um retrato de época que se deixa seduzir por marchinhas e máscaras. Jorge Amado transforma a festa mais popular do país em uma alegoria para a situação social de seu tempo, que assim como os blocos de rua, são cheios de força, vitalidade e nenhuma direção muito bem definida.
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O livro se desenvolve com muita fluidez, recheado com blagues e cinismo dos personagens que procuram o sentido da vida, seja na religião, no amor, no materialismo, na filosofia, na fama, na riqueza, na sensualidade ou no vício. Todos duvidam, todos perguntam, todos falham, todos vivem. É um livro sem muita profundidade que tem a virtude de, ainda assim, estar atento aos dilemas que se abatiam entre as camadas mais baixas da sociedade. De fato, já é perceptível nessa primeira obra seu viés regionalista, embora o romance seja contado do ponto de vista da “burguesia” (desculpem, não gosto desse termo mas acho que dizer classe média não faz sentido no contexto), ele perpassa o cotidiano de homens comuns de Salvador, incorpora-os na história de forma secundária e fundamental para o contraponto das pretensões e vanidades dos intelectuais, chegando a ridicularizá-los nas entrelinhas. O regionalismo também é sentido no uso de gírias e de expressões regionalistas, que representariam para Paulo Rigger a sensação do “brasileirismo”, e para o próprio autor o cuidado com a retratação da realidade sem