Jorge Amado Terras dos Sem Fim
Terras do sem fim, escrito em 1943, trata da luta dos coronéis pelo domínio das plantações de cacau da Bahia. Uma produção literária em que se relacionam prostitutas, latifundiários, jagunços, políticos, religiosos e lavradores, e em que os acontecimentos descortinam a formação cultural de um povo a partir do comportamento social de seus personagens. 2
Tais personagens e as histórias construídas em torno da sua realidade trazem à tona questões referentes à desigualdade e à desvalorização da cultura do homem do campo, ator de um processo histórico de ‘violenta desumanização de suas condições de vida, atrelada a uma realidade de injustiça e opressão’, Caldart (2004).
Analisando os homens e mulheres, na maneira como Jorge Amado os constrói em Terras do sem fim, observa-se também a multiplicidade identitária de tais sujeitos, oriundos de diversos lugares e, portanto, possuidores de marcas culturais diversas. ...nem a luz de uma estrela brilhava para os homens recém-chegados.
Vinham de outras terras, de outros mares, de próximo de outras matas.
Mas de matas já conquistadas, rasgadas por estradas, diminuídas pelas 3 queimadas. Matas de onde já havia, desaparecido as onças e onde começavam a rarear as cobras. E agora se defrontavam com a mata virgem, jamais pisada por pés de homens. (AMADO, 2006, p. 35,36)
Já a segunda trata da maneira como diferentes grupos culturais e sociais são apresentados nas diferentes formas de inscrição cultural: nos discursos e imagens pelos quais a cultura representa o mundo social. Estando inevitavelmente interligadas, tais mecanismos revelam que ‘quem fala pelo